MB Review: Showa Volume 2 – Uma História do Japão (1939 – 1944)

29 de maio de 2025 Hugo Magella

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Tempo de Leitura 2 minutos

Contextualização histórica do Japão Imperial

Neste volume, Mizuki inicia com um panorama do cenário japonês da época, abordando tanto os conflitos internos quanto a postura expansionista do Japão. O autor não foge de temas espinhosos: ele menciona de forma direta e crítica o Massacre de Nanjing, uma das maiores atrocidades cometidas pelo Exército Imperial — tema que, até hoje, é tabu dentro do Japão.

Mizuki vai além da cronologia dos eventos e mergulha nos impactos sociais e culturais provocados pelas decisões políticas da época. A obra apresenta a ocupação da Coreia, os conflitos com a China e os desdobramentos diplomáticos que culminaram na escalada do conflito global.

Capa de Showa #2 da editora Devir — Fotos: Acervo Pessoal

Pearl Harbor e o impacto da guerra

Um dos pontos centrais deste volume é o ataque a Pearl Harbor, conduzido por forças japonesas, o que levou diretamente à entrada dos Estados Unidos na guerra. O episódio é retratado com um equilíbrio entre narrativa didática e crítica política, como é característico do trabalho de Mizuki.

A guerra é narrada do ponto de vista do personagem Nezumi Otoko, que funciona como um comentarista dentro da história, acrescentando fatos e reflexões que ajudam o leitor a compreender melhor o contexto.

Página de Showa #2 da editora Devir — Fotos: Acervo Pessoal

A presença de Mizuki dentro da própria obra

O autor também aparece como personagem dentro do mangá, misturando memórias pessoais com a narrativa histórica. Essa escolha estilística dá um tom autobiográfico à obra, ao mesmo tempo em que humaniza os fatos.

Showa não tenta ser 100% imparcial — e nem precisa ser. Mizuki oferece sua perspectiva como sobrevivente, como cidadão e como artista que vivenciou o período retratado. Isso enriquece ainda mais a leitura e fortalece o impacto emocional da obra.

Uma leitura essencial para fãs de história e mangá

Showa é, sem dúvida, uma das obras mais importantes publicadas no Brasil quando falamos de mangás históricos. O trabalho de Mizuki vai além da simples ilustração de eventos: ele traduz a dor, os absurdos e as contradições de um país em guerra com o mundo — e consigo mesmo.

A edição nacional é caprichada, com acabamento superior até mesmo à versão em inglês. Recomendo para qualquer fã de mangá que tenha interesse em história, especialmente sobre o Japão e a Segunda Guerra Mundial.