MB Review: Gaia

10 de julho de 2025 Erick Willians

Getting your Trinity Audio player ready...

Tempo de Leitura 3 minutos

Uma existência distorcida, como se fosse um pesadelo

Uma misteriosa garota acorda em uma realidade que se assemelha a um sonho, ou talvez um pesadelo. As primeiras palavras que ela ouve são de que deve alcançar a Terra de Origem a qualquer custo. Sem saber o que a aguarda, ela inicia sua jornada carregando um poder especial, que poderá ser usado apenas três vezes. Com essa limitação, terá que sobreviver a todo o percurso até alcançar seu destino.

Neste mundo sombrio e caótico, a garota é perseguida pelas chamadas “Memórias do Desespero”, manifestações físicas de criaturas macabras que tentam exterminar todos os sobreviventes. Seu objetivo é impedir que alguém chegue à Terra de Origem e concretize seus desejos mais profundos.

Uma metáfora inspirada na Hipótese de Gaia

A obra funciona como uma metáfora da Hipótese de Gaia, criada por James Lovelock, que propõe que os organismos vivos atuam em conjunto com o meio ambiente inorgânico para autorregular o planeta. É com base nessa premissa que Asagi Yaenaga constrói sua narrativa.

A história acompanha um grupo de garotas sobreviventes em uma realidade devastada pela própria humanidade. Elas precisam confrontar os pensamentos e desejos mais cruéis dos seres humanos em busca de um fio de esperança, tentando reconstruir o planeta que um dia amaram. É uma jornada de reconexão, tanto com a Terra quanto com suas próprias essências.

A expressiva e marcante arte de Asagi Yaenaga

Apesar de apresentar uma trama complexa e altamente metafórica, o grande destaque da obra é a arte de Asagi Yaenaga. Com belíssimas páginas desenhadas com caneta esferográfica e sombreadas a lápis, o autor presenteia o leitor com cenas macabras e impactantes que arrepiam.

A edição brasileira

A edição da DarkSide Books é digna de elogios, publicada em formato grande, com capa dura, em um estilo semelhante ao de obras como Rohan no Louvre, o que valoriza ainda mais a arte de Yaenaga. O miolo é colado e costurado, impresso em papel offset de excelente qualidade. A publicação também inclui uma entrevista com o autor, cuja leitura é altamente recomendada como complemento à obra.

Vale a pena?

Gaia é uma obra que não agradará a todos, mas se destaca como um experimento narrativo instigante. Exige atenção e reflexão do leitor ao tentar montar o quebra-cabeça metafórico proposto por Asagi Yaenaga. É o tipo de obra que, à medida que começamos a compreender, revela uma belíssima mensagem por trás de sua construção e nos faz reconhecer a experiência que o autor deseja transmitir. Fica a recomendação para quem aprecia narrativas ousadas e experimentais.