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MB Review: Billy Bat #1

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Tempo de Leitura 3 minutos

O primeiro volume de Billy Bat chegou com tudo ao Brasil pelas mãos da Panini, em uma versão dois em um que, já de cara, deixa claro: estamos diante de mais um épico conspiratório da mente inquieta de Naoki Urasawa e de Takashi Nagasaki.

Billy Bat começa com uma pergunta simples: e se seu personagem não fosse criação sua? O quadrinista Kevin Yamagata, nipo-americano, vive esse dilema quando descobre que seu morcego detetive pode ter surgido no Japão. O que parece só um conflito criativo se transforma em uma viagem cheia de conspirações, mistérios históricos e um certo morcego que parece saber demais.

Como é típico de Urasawa, a estrutura narrativa não segue linhas retas. Saltamos de um Japão pós-guerra para os bastidores da indústria de quadrinhos dos EUA, depois para momentos históricos distantes como a Palestina dos tempos de Jesus, e posteriormente para um casal enfrentando a segregação racial — tudo  conectado de forma quase hipnótica pela presença onipresente do Billy Bat — ora como personagem de HQ, ora como símbolo de algo muito mais profundo e metafísico.

Kevin desenha um morcego que, de alguma forma, influencia o rumo do mundo. Em meio a ninjas, soldados americanos, noivas fugitivas e até teorias sobre Judas e a origem do mal, Urasawa constrói uma espécie de “história secreta do mundo”, onde o papel da arte — e do artista — ganha uma importância quase divina. O morcego não é só um personagem: é uma entidade que influencia os rumos da história.

Além disso, Kevin não é o único: outros artistas também parecem ter sido tocados por essa figura. O que está em jogo aqui é mais que um plágio — é o papel da arte na construção da história da humanidade.

Esse volume é cheio de perguntas e entrega poucas respostas. Mas é impossível largar. Urasawa instiga, confunde e encanta. Cada pista nova abre margem para algo ainda mais grandioso, sem medo de flertar com o absurdo. E quando você acha que está entendendo, ele muda tudo.

Se você já conhece Monster, 20th Century Boys ou Pluto, vai se sentir em casa — mas também vai perceber que Billy Bat é, talvez, a obra mais ambiciosa de Urasawa até agora. É um mangá que fala sobre conspirações globais, sobre fé, identidade e o poder da criação artística. Um quebra-cabeça gigantesco, que pode até não se encaixar perfeitamente no final, mas que é delicioso de montar. E depois desse primeiro volume, só resta uma coisa: continuar lendo, porque esse morcego definitivamente tem mais segredos para revelar.

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