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🗡️ Mistério, Estilo e Emoção em um Clássico Cult dos Anos 90
Antes mesmo de animes como Black Lagoon ou Psycho-Pass explorarem o lado sombrio da justiça, Weiß Kreuz (Cruz Branca em alemão) já apresentava um grupo de assassinos com moral ambígua e estética estilizada. Lançado no final dos anos 1990, o anime foi parte de um ambicioso projeto multimídia japonês chamado Project Weiß, que combinava animação, mangá, light novel, CDs de drama, músicas e até peças de teatro. Com personagens carismáticos, trilha sonora marcante e uma base de fãs apaixonada, a série se tornou um fenômeno cult — especialmente entre o público feminino.

📜 Os assassinos da floricultura
A trama gira em torno de quatro jovens que trabalham em uma floricultura durante o dia, mas à noite atuam como assassinos de aluguel sob o codinome Weiß (“branco” em alemão). Cada um deles carrega um passado trágico e uma motivação pessoal para lutar contra organizações criminosas que a justiça comum não consegue alcançar:
- Aya Fujimiya, o espadachim frio e silencioso, busca vingança pela morte de sua família.
- Ken Hidaka, ex-jogador de futebol, tenta superar a culpa por um passado violento.
- Youji Kudou, ex-detetive particular, esconde sua dor sob uma fachada sedutora.
- Omi Tsukiyono, o mais jovem, é um gênio da tecnologia com laços misteriosos com o submundo político.
Ao longo da série, o grupo enfrenta missões cada vez mais perigosas, enquanto suas histórias pessoais se entrelaçam com conspirações maiores. A primeira temporada equilibra bem ação, drama e mistério, com reviravoltas que mantêm o espectador envolvido. Já a segunda temporada, Weiß Kreuz Glühen, apresenta uma nova missão em uma academia de elite, onde os membros do grupo Weiß se infiltram para investigar uma série de assassinatos e desaparecimentos ligados a uma organização secreta. A trama gira em torno da manipulação de estudantes e experimentos psicológicos, mas sofre com mudanças visuais e narrativa menos coesa, além de ser focada em um arco único que, embora tenha bons momentos de tensão e ação, não alcança a complexidade emocional da primeira fase.

🧩 Origem do Projeto e Mídias
O Project Weiß foi idealizado por Takehito Koyasu, que também dá voz ao protagonista Aya. O nome internacional da série é Knight Hunters, usado especialmente nos Estados Unidos. O projeto teve uma enxurrada de produtos em diversas mídias além de participação do grupo em diversos programas de TV e Radio. Vamos aos principais além das animações:
📚 Mangás
Título: Weiß: An Assassin and White Shaman
Autor: Takehito Koyasu
Ilustradora: Kyōko Tsuchiya
Publicação: Shinshokan (1997–1998)
Volumes: 2
Sinopse:
Este mangá serve como prólogo para o anime Weiß Kreuz, apresentando os quatro protagonistas — Aya, Ken, Youji e Omi — e suas origens como assassinos da organização Weiß. A história explora os traumas e motivações de cada personagem, revelando como foram recrutados e o que os levou a aceitar uma vida de violência em nome da justiça. Com um tom sombrio e dramático, o mangá aprofunda os dilemas morais e a dualidade entre suas vidas públicas e secretas.
Título: Weiβ Side B
Autor: Takehito Koyasu
Ilustradora: Shoko Hamada
Publicação: Kadokawa Shoten (2003–2005)
Volumes: 5
Sinopse:
Ambientado após os eventos de Weiß Kreuz Glühen, este mangá apresenta uma nova geração de assassinos que assumem o legado da organização Weiß. Liderados por Ran (Aya), que retorna como mentor, os novos membros enfrentam missões secretas em um mundo onde a corrupção e o crime continuam a prosperar. A narrativa mantém o foco em ação e drama psicológico, com personagens inéditos e dilemas contemporâneos, expandindo o universo da franquia com mais profundidade e complexidade.

📖 Light Novel
Título: Forever White
Autor: Kenichi Kanemaki
Ilustrações: Kyōko Tsuchiya
Publicação: Tokuma Shoten (1997)
Volumes: 1
Sinopse:
Forever White é uma light novel que aprofunda os laços emocionais entre os membros do grupo Weiß, explorando momentos de introspecção e vulnerabilidade que não aparecem diretamente no anime. A narrativa foca em episódios paralelos e reflexões internas dos personagens, revelando traumas, memórias e dilemas morais que moldam suas decisões como assassinos. Com tom melancólico e linguagem poética, a obra complementa o universo da série com uma abordagem mais intimista e literária.
🎧 CDs e Teatro
Os dubladores formaram o grupo musical Weiß, lançando álbuns e singles como a abertura “Velvet Underworld”, que se tornou um dos símbolos da série. O projeto também contou com CDs de drama e peças de teatro estreladas pelos próprios dubladores.
🎙️ Dubladores e Carreira
Os quatro protagonistas foram interpretados por dubladores que já eram nomes estabelecidos na indústria e atuam até hoje como dubladores :
| Personagem | Dublador | Trabalhos Posteriores Notáveis |
|---|---|---|
| Aya | Takehito Koyasu | Dio Brando (JoJo’s Bizarre Adventure), Zeke (Attack on Titan) entre outros |
| Ken | Hiro Yūki | Shun (Saint Seiya), Marik (Yu-Gi-Oh!) entre outros |
| Youji | Tomokazu Seki | Gilgamesh (Fate/stay night), Toya Kinomoto (Sakura Card Captors) entre outros |
| Omi | Shin-ichiro Miki | Roy Mustang (Fullmetal Alchemist), James (Pokémon) entre outros |

🧩 Weiß Kreuz Glühen e os Primeiros Passos da Ufotable
Uma curiosidade marcante sobre Weiß Kreuz Glühen é que a série foi co-produzida pela Ufotable, em parceria com a Animate Film, entre 2002 e 2003. Na época, a Ufotable ainda era um estúdio recém-fundado — criado em outubro de 2000 por Hikaru Kondō, ex-produtor da Telecom Animation Film. Glühen foi um dos primeiros projetos televisivos da empresa, antes de alcançar reconhecimento internacional com obras como Kara no Kyoukai, Fate/Zero e Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba.
Embora Weiß Kreuz Glühen não tenha o refinamento técnico que viria a se tornar marca registrada da Ufotable, sua participação ajuda a explicar a mudança visual significativa em relação à primeira temporada. A ausência da character designer original Kyoko Tsuchiya e a reformulação artística deram à série uma nova identidade — que dividiu opiniões, mas também marcou o início na trajetória do estúdio que mudaria os rumos da animação japonesa.
📈 Recepção e Legado
Weiß Kreuz foi um sucesso entre o público feminino japonês, mesmo sem ser um shoujo, graças à combinação de ação estilizada, personagens emocionalmente complexos e trilha sonora envolvente. Também conquistou fãs masculinos pela intensidade das missões e atmosfera sombria. Nos Estados Unidos, a série foi licenciada como Knight Hunters e ganhou popularidade. No Brasil apesar de ter forte apelo entre os fansubbers na época, a série é nichada, com uma quantidade limitada de fãs.

🧾 Dados Técnicos
| Item | Weiß Kreuz (1998) | Weiß Kreuz Glühen (2002) |
|---|---|---|
| Título Original | ヴァイス·クロイツ (Weiß Kreuz) | ヴァイス·クロイツ グリーエン (Weiß Kreuz Glühen) |
| Título Internacional | Knight Hunters | Knight Hunters Eternity |
| Episódios | 25 + OVA | 13 |
| Estúdio | Animate Film / Magic Bus / Plum | Animate Film/ufotable |
| Direção | Kiyoshi Egami / Kazunori Tanahashi | Desconhecido |
| Música de Abertura | “Velvet Underworld” – Weiß | “Glühen” – Weiß |
| Gêneros | Ação, Mistério, Drama | Ação, Mistério, Suspense |
| Plataforma | Não disponível oficialmente no Brasil | Não disponível oficialmente no Brasil |
🧾 Vale a pena procurar pra ver?
Weiß Kreuz e Weiß Kreuz Glühen são exemplos de como um projeto multimídia pode marcar época mesmo sem distribuição oficial em todos os países e escrever o futuro. Com personagens carismáticos, enredos envolventes e uma estética marcante, a franquia conquistou fãs fiéis e se tornou um clássico cult. Para quem gosta de ação, mistério e personagens com profundidade emocional, vale a pena revisitar — seja por nostalgia ou por curiosidade histórica.
Ao contrário do modelo tradicional em que um mangá ou light novel é adaptado para anime, o Project Weiß surgiu como uma proposta multimídia que se assemelha mais à criação de uma boy band formada por dubladores populares entre o público feminino, o que é muito comum até hoje com as idols que também acabam dublando animações. Embora tenha alcançado um sucesso considerável na época, seu maior valor hoje está na curiosidade histórica — não é uma obra extraordinária, mas certamente é interessante para quem aprecia projetos fora do padrão.

