MB Nacional: Kabuki – Primavera, Outono, Inverno, Verão
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Uma apresentação interrompida
Dividido em quatro atos, assim como as estações do ano, o quadrinho nos apresenta uma jornada de autoconhecimento e superação em um cenário inspirado no Kabuki, um tradicional estilo japonês de teatro.


Escrito por Tiago Minamisawa, acompanhamos uma criança, chamada aqui de Kabuki, que é constantemente julgada por aqueles ao seu redor sobre a pessoa que desejava ser. No entanto, jamais conseguia se aceitar plenamente devido à opressão imposta por terceiros, nunca conseguindo completar a ‘’sua apresentação’’ como gostaria.
Já mais velha, a personagem enfrenta uma crise existencial, sem saber qual caminho seguir: aquele que a transformaria na pessoa que deseja se tornar ou um caminho duro e frio, moldado pela expectativa dos outros, em troca de uma falsa sensação de aceitação.
Uma travessia sensível e urgente
O quadrinho transmite uma mensagem bela e necessária, sustentada por uma crítica social pertinente, especialmente nos dias de hoje. A forma poética com que Minamisawa escolhe contar essa história é notável, abordando não apenas os momentos de dor, mas também o renascimento de Kabuki.


Uma arte delicada que carrega uma mensagem impactante
Responsável pela arte, Guilherme Petreca transforma toda a narrativa em algo subjetivo, poético e metafórico. Petreca utiliza diversos recursos visuais para narrar a jornada de aceitação da personagem, como, por exemplo, a máscara inexpressiva usada por ela na fase adulta, simbolizando sua insatisfação pessoal e o aprisionamento de seus verdadeiros sentimentos. Além disso, a maneira como a opressão dos sentimentos de Kabuki é representada também gera um impacto no leitor.
A edição brasileira
Vale mencionar que o quadrinho conta com cerca de 40 páginas de extras, incluindo textos de apoio sobre a cultura que serviu de inspiração, storyboards da versão em stop-motion e artes conceituais de Guilherme Petreca. Recomendamos a leitura desses materiais para complementar a experiência, especialmente no que diz respeito aos elementos da cultura japonesa e arte teatral do Kabuki.


A edição da Pipoca & Nanquim segue o mesmo formato dos mangás publicados pela editora, desta vez em capa dura, lombada redonda, com papel pólen bold e miolo totalmente colorido, semelhante à Shamisen, padronizando as obras da dupla, publicadas pela editora.
Vale a pena?
Kabuki entrega uma verdadeira montanha-russa de emoções, narrada de forma metafórica e poética. É uma história profundamente necessária sobre autoconhecimento e aceitação pessoal. Um grande acerto da Pipoca & Nanquim, e fica mais do que recomendada. Trata-se do tipo de quadrinho ideal para presentear novos leitores e demonstrar todo o potencial narrativo que a linguagem dos quadrinhos pode oferecer.

