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MB Animações: Arcane

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Geralmente, as grandes corporações, por obrigação, precisam saber como trabalhar suas franquias de modo que elas virem grandes sucessos, os famosos “arrasam quarteirões”, atraindo uma legião de fãs e consideramos sucesso quando esses empreendimentos arrebatam fãs fora da fanbase que tal franquia tem. Podemos citar os filmes da Marvel/ Universo Star Wars, Universo DC e agora o Universo de League of Legends.

Para quem não conhece (se tem alguém que ainda não conhece) League of Legends é um jogo do gênero MOBA (Multiplay Online Battle Arena) onde um grupo de jogadores se enfrentam em duas equipes, com o objetivo de conquistar o território adversário, e onde cada campeão controla um personagem com habilidades especiais e o conjunto de habilidades e estratégia são essenciais para obter a vitória em cada partida.

League of Legends foi criado pela Riot Games e é um dos maiores sucesso do gênero desde 2009, batendo recordes atrás de recordes e criando uma fã base fiel e sedenta por conteúdo, mudando vida de jovens, seja criando conteúdo ou jogando profissionalmente, e criando lendas como o jogador sul coreano Lee Sang-hyeok, mais conhecido como “Faker”, um dos maiores nomes do jogo.

Porém, alguns players não se atentam (pois passam horas e horas tentando melhorar o seu “rank” na fila online) que o jogo em si tem uma história. O jogo se passa no universo de Runeterra, onde há diversas nações e raças e que cada campeão (personagem jogável, tem uma história que acaba se intercalando com outros campeões) criando um universo intrigante e cheio de mistérios, que a Riot vai desenvolvendo e amadurecendo conforme o tempo. 

A Riot vem se aventurando aos poucos em expandir os seus produtos, seja com pequenas animações, com histórias em quadrinhos (em parceria com a Marvel) e agora com um projeto mais ambicioso, uma série com produção da Netflix.

Runeterra tem diversos conflitos, sejam internos (como em Freljord) ou externos, como a guerra entre Noxus e Ionia. Mas, para começar bem, com o intuito de se aproximar do público que não é fã ou simplesmente desconhece a história do jogo, nada melhor que a série de conflitos complexos que têm em Piltover e Zaun, onde se passa a história de Arcane.

PILTOVER, A CIDADE DO PROGRESSO E ZAUN, A CIDADE DOS EXCLUÍDOS

PIltover é uma cidade de vanguarda, onde a ciência é a base do progresso. Diferente de regiões mais medievais, como Noxus e Demacia, ou místicas, como Ionia e Shurima. Porém, o modo agressivo de desenvolvimento tem um preço, e toda a glória e glamour que Piltover tem é esquecido pela cidade logo abaixo dela, Zaun. Ambas são berço de grandes mentes, mas são como água e vinho. Os ricos e nobres vivem em Piltover e a pária e os pobres, em Zaun. A diferença social e de qualidade de vida é gritante, a ponto de haver diversos conflitos entre as duas cidades.

A história de Arcane começa através de um desses conflitos, onde duas irmãs Violet e Powder ficam órfãs e são salvas por Vander, que passa a criá-las. As duas irmãs são criadas no sofrimento e extrema pobreza de Zaun e lidam com suas frustrações de forma diferentes. Violet é mais impulsiva e explosiva e Powder é mais quieta, porém tem um ódio e frustração interna extremamente preocupantes, além de sofrer com distúrbios psicológicos graves, que não são percebidos no meio da enxurrada de problemas que acontecem em Zaun.

A história começa a se desenrolar quando as duas irmãs, anos depois de serem adotadas por Vander, assaltaram a residência de um estudante da Academia de Piltover, o jovem brilhante Jayce, que acredita que a ciência e a magia podem ser trabalhadas em conjunto. Após esse evento, a vida de todos mudam drasticamente, descobertas são feitas, há pequenas vitórias e perdas inestimáveis e, principalmente, essas perdas mudam as pessoas, seja para o bem ou para o mal.

MAS E DAÍ? É BOM OU NÃO É?

A primeira noção que precisa ter em mente é que Arcane difere de alguns aspectos da história até agora mostrada no universo do jogo (que chamamos de Lore). Uma por que a história dos universos dos videogames são alteradas a todo momento. A liberdade e o dinamismo da mídia permite isso. Franquias como The Legend of Zelda, Devil May Cry, Resident Evil entre tantas outras tem esse mesmo “problema”. O que, na minha opinião, não afeta na experiência no geral, mas entendo totalmente as pessoas que preferem uma linearidade ou apenas um ponto de vista daquele universo. E segundo, há um ponto de partida para a história, principalmente para quem não está tão adepto ao universo, o que é muito bom. 

Tendo isso em mente, foi acertado o modo que a Riot/Netflix definiu a exibição da série em 3 atos com 3 episódios cada, semanalmente durante o mês de novembro de 2021.

O primeiro ato de apresentação do universo e dos personagens, mostrando anos antes do clímax dessa primeira temporada, é simplesmente sensacional, o que ganhou boa parte dos espectadores. Com um início, meio e fim bem definidos e bem estruturados, tendo o efeito de um “soco no estômago” de quem assistiu e acompanhou a hype em full time. Como isso, o efeito devastador nas redes sociais, algo que a Netflix faz como poucas, entendendo o perfil dos seus consumidores, foi acima do esperado, atraindo a atenção de outros nichos fora do jogo, como dos geeks no geral. Diversos elogios foram feitos e de fato os três primeiros episódios são perfeitos no geral, mexendo com as emoções de todos.

O segundo ato é de desenvolvimento do “presente” dos personagens, novas tramas nos são mostradas e o problemas de Piltover e Zaun são escancarados e no meio delas as nossas protagonistas , Vi (Violet) a renegada de Zaun que busca encontrar sua irmã Powder (Jinx) e Caitlyn, a policial recém formada, que busca um mundo mais justo sem usar o poder de sua família nobre. O relacionamento conturbado delas Vi, Jinx e Caitlyn é muito bem construído assim como de Jayce e Viktor. O segundo ato perde força, não tendo um clímax e servindo apenas como ligação para o terceiro e derradeiro ato.

O ato final talvez seja o mais decepcionante, na minha opinião, pois ele não tem um plot-twist ou impacto como o primeiro, servindo apenas como uma ligação para uma segunda temporada já confirmada por ambas as empresas. A história perde força, mas ganhas belíssimas lutas, que por muitas vezes serviram mais como fanservice do que ter uma importância para a história em si. Faltou um “grande finale”, uma cena digna para as pessoas desejarem uma segunda temporada e comentarem sobre ela até ser lançada, mas terminou de forma morna, apesar de muitas explosões, como esperado.

Acredito que, para quem não conhece a história do jogo, a sensação seja melhor, pois termina exatamente num momento importante da história de diversos personagens do jogo. 

A curiosidade fica. Como será essa segunda temporada? Teremos outros personagens de Piltover e Zaunb que não apareceram na história sendo adicionados? Teremos interações mais incisivas com outras nações e outros personagens (apesar de serem citados). Ou teremos uma outra nação apresentada, criando um universo mais imersivo e compartilhado? Esperamos ter em breve algumas dessas respostas.

Outro fator importante é a composição da animação. O traço é muito bonito, com uma variação enorme de cores. O que valoriza muito a série. A trilha sonora é fantástica, principalmente a abertura com música da banda Imagine Dragons e o rapper J.I.D . A dublagem brasileira é outro ponto positivo da série, mantendo praticamente todos os dubladores do jogo, o trabalho deles ficou simplesmente maravilhoso dando a imersão perfeita nos episódios.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Arcane é um sucesso e conseguiu como grandes obras furar a bolha que ela pertence. Com personagens apaixonantes e complexos, e um trabalho muito bem feito, ficando devendo apenas no seu arco final, que poderia ser mais “grandioso” e menos óbvio. Se você gosta de League of Legends , não vai se decepcionar com o carinho da Riot com seus personagens e fãs, e se você nunca ouviu falar, dê uma chance, pois é uma boa série.

Arcane é uma série criada por Christian Linke e Alex Yee, produzida pela Riot Games e Fortiche Productions, distribuída pela Netflix, lançada em novembro de 2021 com 9 episódios com média de 40 a 45 minutos.

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