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MB Especial – Tsukasa Hojo: O Estilo, a Ação e o Coração por Trás do Traço

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Tempo de Leitura 7 minutos

Poucos nomes no mangá dos anos 80 e 90 conseguiram unir tanta elegância visual, carisma nos personagens e tramas envolventes como Tsukasa Hojo. Com um estilo artístico inconfundível e histórias que alternam entre ação explosiva e drama sensível, Hojo conquistou o Japão – e o mundo – com títulos que viraram referência. Neste especial, revisitamos sua trajetória, exploramos suas obras mais famosas e destacamos a marca que deixou no mundo dos mangás e animes.


🎯 Quem é Tsukasa Hojo?

Nascido em 5 de março de 1959 na província de Fukuoka, no Japão, Tsukasa Hojo começou sua carreira como mangaká após estudar design industrial. Em 1980, ele estreou na revista Weekly Shonen Jump com o one-shot “Ore wa Otoko da!” e, a partir daí, não parou mais.

Dotado de um traço realista e elegante, Hojo ficou conhecido por suas protagonistas femininas fortes e seus heróis charmosos, muitas vezes mulherengos, mas com um senso de justiça impecável. Seu trabalho influenciou diversos artistas posteriores, tanto no Japão quanto no exterior, e segue sendo referência em composições cinematográficas de quadrinhos.


🔫 City Hunter – A obra-prima do detetive mulherengo

  • Gênero: Ação, Comédia, Mistério
  • Publicação original: 1985 a 1991 – Weekly Shonen Jump (Shueisha)
  • Volumes: 35
  • Sinopse: Em Tóquio, o detetive particular Ryo Saeba – também conhecido como “City Hunter” – atua nas sombras com sua parceira Kaori Makimura. Entre casos perigosos e situações cômicas, ele precisa equilibrar seu talento como pistoleiro com sua personalidade mulherenga.
  • Análise: City Hunter consolidou Hojo como um dos grandes nomes do mangá. Misturando ação hollywoodiana com o humor pastelão típico da comédia japonesa, a série cativou leitores por sua construção de mundo urbana, personagens carismáticos e cenas de ação impecavelmente desenhadas.
  • Outras mídias:
    A obra virou um sucesso em várias frentes:
    📺 Anime com 4 temporadas (1987–1991)
    🎥 Filmes animados e especiais em vídeo
    📽️ Filmes live-action (inclusive um estrelado por Jackie Chan e uma adaptação pela Netflix)
    🕹️ Jogos de videogame

🎤 Cat’s Eye – O trio feminino que roubou corações e obras de arte

  • Gênero: Ação, Policial, Mistério
  • Publicação original: 1981 a 1985 – Weekly Shonen Jump (Shueisha)
  • Volumes: 18
  • Sinopse:
    As irmãs Kisugi – Rui, Hitomi e Ai – levam uma vida dupla como donas de um café e como as misteriosas ladras “Cat’s Eye”. Seus alvos? Obras de arte ligadas ao desaparecido pai. Enquanto isso, Hitomi namora o policial que investiga o caso, sem saber da identidade dela.
  • Análise:
    Cat’s Eye foi o primeiro grande sucesso de Hojo. Ele já mostrava ali seu domínio em criar personagens femininas carismáticas e um clima de “caça e fuga” envolvente. A obra combina ação com romance e se tornou um marco no estilo “ladrão charmoso”, à la Lupin III.
  • Outras mídias:
    📺 Anime com 2 temporadas (1983–1985) e Remake previsto para 2025 exibido pela Disney +
    📽️ Live-action japonês (1997) e uma série Live Action Francesa pela Netflix inspirada na obra
    🎮 Jogos para Famicom e outras plataformas clássicas

👼 Angel Heart – O drama urbano de uma Tóquio alternativa

  • Gênero: Drama, Ação, Suspense
  • Publicação original: 2001 a 2010 – Comic Bunch (Shinchosha)
  • Volumes: 33
  • Sinopse: Em uma realidade alternativa à de City Hunter, Angel Heart apresenta Xiang-Ying, uma assassina treinada pela máfia chinesa que recebe o coração transplantado de Kaori Makimura, falecida esposa de Ryo Saeba. A partir disso, ela se aproxima de Ryo e tenta encontrar redenção e humanidade.
  • Análise:
    Mais madura e sombria, Angel Heart mostra a evolução narrativa de Hojo. Ele explora temas como perda, redenção, trauma e reconstrução de laços afetivos. Apesar de não ser uma continuação direta de City Hunter, compartilha os mesmos personagens, mas sob uma nova ótica.
  • Outras mídias:
    📺 Anime de 50 episódios (2005)
    📽️ Dorama live-action (2015)


🍃 Komorebi no Moto de… – Crônicas da rotina dos anos 2000

  • Gênero: Slice of life, drama
  • Publicação: Coletânea de histórias curtas, lançada em volumes esparsos entre os anos 90 e 2000
  • Volumes: 2 (no Japão)
  • Sinopse: Komorebi no Moto de… (À Sombra da Luz das Árvores) é uma coletânea de contos que exploram os pequenos dramas do cotidiano. Cada capítulo apresenta uma nova história, com diferentes personagens, lidando com dilemas familiares, afetivos e existenciais, sempre com um olhar sensível e humano.
  • Importância: A obra mostra a versatilidade de Hojo fora dos thrillers policiais. Com traço delicado e narrativas tocantes, ele retrata sentimentos universais como perda, reconciliação, amor silencioso e o peso das escolhas. É considerada por fãs uma joia escondida em sua bibliografia.
  • Adaptações:
    Não possui adaptações, mas é muito valorizada em reimpressões e exposições de arte dedicadas ao autor.

🧬 Family Compo – Uma obra muito a frente do seu tempo

  • Gênero: Comédia dramática, slice of life, LGBTQIA+
  • Publicação original: 1996 a 2000 – Manga Allman (Shueisha)
  • Volumes: 14
  • Sinopse: Masahiko Yanagiba é um jovem que perde os pais e passa a morar com seus tios. Para sua surpresa, descobre que seu tio é uma mulher trans e que sua prima, Shion, pode não ser exatamente quem aparenta. Vivendo nessa nova dinâmica familiar, ele aprende sobre aceitação, identidade e amor.
  • Importância: Family Compo é uma das obras mais ousadas e sensíveis de Hojo. Lançada em um período onde temas LGBTQIA+ ainda eram tabus no Japão, o mangá trata com empatia e leveza a pluralidade familiar e as questões de identidade de gênero, sem recorrer ao humor ofensivo ou estereótipos. É uma obra à frente do seu tempo.
  • Adaptações:
    Não foi adaptada para anime ou live-action, mas é constantemente discutida por críticos e pesquisadores de mangá por sua relevância social.


🤝 Contribuições e colaborações de Tsukasa Hojo em outras obras

Além de seus títulos autorais, Tsukasa Hojo também teve um papel relevante em diversos projetos colaborativos e especiais da indústria de mangás e animes. Como um veterano respeitado, ele ajudou a moldar o cenário criativo japonês e participou ativamente de homenagens, projetos comemorativos e mentorias. A seguir, destacamos algumas dessas contribuições:


👊 Participação na “Jump Super Stars” e eventos comemorativos da Shueisha

Hojo sempre foi lembrado pela Shueisha em celebrações históricas da revista Weekly Shonen Jump, onde publicou seus maiores sucessos. Em coletâneas especiais, ilustrou capas ao lado de criadores como Akira Toriyama (Dragon Ball) e Masami Kurumada (Cavaleiros do Zodíaco).

Em eventos como Jump Super Artists e Jump Exhibition 50th, suas artes eram destaque, e ele frequentemente criava ilustrações inéditas de Ryo Saeba e personagens de Cat’s Eye, homenageando o legado da revista que o projetou.


✍️ Participação no projeto “Dream Project”: Hojo x Tetsuo Hara

Em 2005, Hojo colaborou com Tetsuo Hara (autor de Hokuto no Ken) em uma edição especial da revista Comic Bunch, onde ambos publicavam suas obras na época. Eles trocaram personagens em ilustrações de capa: Hojo desenhou Kenshiro, enquanto Hara ilustrou Ryo Saeba.

Esse tipo de troca entre artistas consagrados é raro e mostrou o alto nível de respeito e admiração mútua entre os dois.


🖌️ Mentor de Takehiko Inoue?

Embora não confirmado oficialmente, há rumores persistentes na comunidade de que Takehiko Inoue, criador de Slam Dunk e Vagabond, trabalhou brevemente como assistente de Tsukasa Hojo no início da carreira. Ambos compartilham traços realistas, atenção aos detalhes faciais e profundidade emocional nos personagens.

Mesmo que a conexão não seja oficialmente documentada, é evidente que Hojo influenciou fortemente o estilo visual de muitos mangakás da geração seguinte.


🧵 Participação em antologias e projetos especiais

Hojo também contribuiu com one-shots e ilustrações para antologias beneficentes e livros comemorativos. Em 2011, após o terremoto e tsunami que atingiram o Japão, ele foi um dos artistas a doar ilustrações originais para projetos de arrecadação de fundos.

Além disso, ele escreveu prefácios e artigos em coletâneas que celebravam a história do mangá e a evolução dos artistas ao longo das décadas.



📈 O legado de Hojo

Tsukasa Hojo não é apenas um artista de traço refinado, mas um contador de histórias com enorme sensibilidade para as emoções humanas. Ele moldou o mangá de ação com forte presença de elementos de suspense, comédia romântica e crítica social. Suas personagens femininas fugiram dos clichês frágeis da época e ajudaram a redefinir o papel da mulher nas narrativas shonen e seinen.

Enquanto muitos artistas optam por seguir uma mesma fórmula, Hojo arriscou e amadureceu. Ele não tem medo de explorar temas difíceis e ainda assim mantém a leveza, o charme e o senso de espetáculo em cada obra.


📌 Considerações finais

Tsukasa Hojo é uma lenda viva dos mangás. Suas histórias emocionam, divertem e continuam conquistando novas gerações por meio de relançamentos, adaptações e fanbases ativas. Seja pelas ruas movimentadas de Tóquio em City Hunter, pelos roubos audaciosos em Cat’s Eye ou pelos dramas existenciais em Angel Heart, o leitor sempre encontra nas páginas de Hojo uma combinação de arte e alma.

Se você ainda não conhece esse mestre do mangá, agora é a hora perfeita para mergulhar em seu universo.

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