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Em 1933, o planeta foi invadido por misteriosos kaijus, dando início a uma corrida global para combater essas criaturas gigantes. Assim surgiram as equipes de sentai, os famosos heróis ao estilo Power Rangers, cujos membros tinham a habilidade de crescer em tamanho e enfrentar as ameaças colossais que colocavam a humanidade em risco.

Com o desaparecimento dos kaijus, o setor dos sentais acabou sendo aberto à iniciativa privada, o que levou a uma crise estrutural. Nos tempos atuais, a chamada “uberização dos sentais” estagnou o sistema e precarizou a categoria de vez. É nesse cenário que conhecemos Warren, um jovem promissor que decide se tornar um sentai por aplicativo, inspirado por sua amiga — e paixonite — Heloise.

A partir daí, a história escrita por Mathieu Bablet nos apresenta, de forma envolvente, como funciona todo esse novo processo: desde o momento em que uma pessoa se cadastra até o modo de operação, aceitando serviços sob demanda, sendo avaliada após cada missão e recebendo apenas uma porcentagem do valor total, tudo conforme a empresa para a qual presta serviços. Uma clara analogia aos aplicativos de transporte e delivery, como Uber, 99 e iFood.
Além de Warren e Heloise, a obra também apresenta diversos personagens interessantes, como Satoshi, um jovem inspirado nos heróis do passado que acredita fielmente que os kaijus ainda estão vivos. O mais impressionante é como todos os personagens têm tramas bem desenvolvidas, especialmente para um primeiro volume, fazendo a história avançar de maneira coesa, sem confusão ou ritmo arrastado.

A arte de Guillaume Singelin é um espetáculo à parte. Com um traço singular e cenários repletos de detalhes, ele cria uma atmosfera visual única, que complementa perfeitamente o tom e o ritmo da narrativa.
A edição brasileira, lançada pela Comix Zone, chega com acabamento caprichado, capa cartão com orelhas, um belíssimo efeito holográfico, miolo polén bold colado costurado e ainda acompanha quatro cards colecionáveis que seguem o mesmo estilo da capa.

Shin Zero não busca entregar uma história repleta de batalhas de heróis em colantes coloridos, mas sim uma crítica afiada à precarização do trabalho, explorando esse tema por meio de personagens cativantes e uma premissa original, que ainda deixa espaço para desenvolvimentos futuros. Com a expectativa ajustada, Shin Zero oferece uma leitura interessantíssima. Recomendado.











