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Se o volume 1 de Shigurui nos dá um gostinho do que está por vir, a segunda edição termina de consagrar a obra como um dos quadrinhos mais brutais já publicados em território nacional.
Neste volume acompanhamos a trajetória de Irako Seigen e Fujiki Gennosuke antes do fatídico duelo que abre a primeira edição. Inclusive, vemos um embate entre os dois, onde Seigen, que queria aprender a técnica suprema de Iwamoto Kogan, é submetido à todo tipo de covardia. É por conta desses eventos, que o personagem perde a visão, em uma página agoniante. As situações induzem o leitor a criar empatia por Seigen, já que somos apresentados à sua mãe, que sofre de problemas mentais após viver uma vida miserável. Mas não se deixe enganar, ele também não é nenhuma flor que se cheire.

Também vemos Iwamoto Kogan, o mestre do estilo Kogan-Ryuu, cujo golpe supremo é um corte horizontal chamado de Nagareboshi (Estrela Cadente), em ação. Apesar de ser respeitado, sofre de demência por conta de sua idade avançada, o que faz com que ele fique variando entre momentos de lucidez e insanidade. O que não muda, é a sua natureza sádica e violenta, e isso nos dá um dos momentos mais pesados do mangá.

Novamente preciso elogiar a arte desse quadrinho. Poucos artistas conseguem passar tão bem o impacto de cada golpe, o esforço que cada personagem faz para desferir ataques, a contração dos músculos e a excruciante dor ao receber uma pancada ou corte. Takayuki Yamaguchi mescla o exagero com o realismo de uma forma única, fazendo parecer que aqueles golpes e técnicas são possíveis de serem executados, mesmo sabendo que aquilo provavelmente jamais aconteceu. A feição dos personagens, como a de Kogan nos momentos de insanidade, por exemplo, chega a ser tão bem desenhada que causa medo.

Shigurui é espetacular e melhora a cada volume. Se por um lado estamos habituados a ver mangás de samurais que retratam o período do Japão Feudal de forma romantizada e nobre, aqui, somos apresentados à uma versão sombria e impiedosa daquele período, e que provavelmente, capta melhor a essência de como aquela época realmente foi. Mais que recomendado.











