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MB Review: O Sistema de Autopreservação do Vilão Desprezível

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Tempo de Leitura 2 minutos

Sabe quando você lê algo tão ruim, mas tão ruim, que termina a leitura com ódio no coração, vontade de processar o autor e de apagar a própria memória? Pois é esse o sentimento de Shen Yuan, o protagonista de ‘O Sistema de Autopreservação do Vilão Desprezível’ que literalmente morre de tanto desgosto depois de ler uma webnovel de teor questionável.

Da autoria de Mo Xiang Tong Xiu (Mo Dao Zu Shi, Benção do Oficial Celestial), esta novel danmei se destaca pela pegada mais despretensiosa, explorando o universo de cultivação espiritual apresentado em MDZS mas com uma narrativa baseada na transmigração. Ou seja, é um Isekai but….MAKE IT GAY!

Shen Yuan é um jovem introvertido que passa seus dias isolado, seu passatempo favorito é a acompanhar a webnovel de harém de pegador “O Caminho do Orgulhoso Demônio Imortal” e participando de fóruns on-line onde discute os acontecimentos da mesma. Profundamente desapontado com os inúmeros furos de roteiro e com as escolhas do autor, ele simplesmente vai de arrasta pra cima ao se deparar com um final que contrariava as suas expectativas… E como todo leitor azarado em histórias de transmigração… ele acorda dentro da novel. No corpo de quem? Do vilão escroto. Aquele que foi responsável por transformar o mocinho da história em um anti-herói obscuro e vingativo.

Para completar seu infortúnio, ele ainda vem com um sistema embutido, como se fosse um jogo que dá e tira pontos com base nas ações dele. Ele precisa seguir um roteiro pré-determinado e agir conforme o esperado de Shen Qingqiu, um proeminete cultivador e mestre do mocinho Luo Binghe. E a cada vez que ele sai do roteiro, perde pontos, e se os pontos zerarem, é banimento certo. Ele volta pro mundo de onde veio, ou seja, para 7 palmos debaixo da terra.

No entanto o nosso querido Shizun tem um plano: não sofrer uma morte lenta e dolorosa como o vilão original. E pra isso ele decide tratar o protagonista, Luo Binghe, como um ser humano. Apenas isso. Alguma gentileza e um pouco de dignidade e ele… sem querer, ativa a rota do yaoi.

Pois é, o harém  de pegador héterotop vai com Deus e dá lugar ao romance entre mestre e discípulo. Gradualmente o Shen percebe que em momentos cruciais da trama, que originalmente seriam utilizados como ferramenta de fanservice para introduzir personagens femininas, é ele quem está presente e não uma das jovens integrantes do harém do protagonista. Ele atribui tal fato a um bug do sistema, já que além de excessivamente preocupado com a própria sobrevivência, ele é um grande tapado e não se dá conta de que suas ações estão fazendo com que seu discípulo o veja com outros olhos.

Tudo que o pobre Binghe precisava era de um pinguinho de amor, uma migalhinha de afeto… porque ele, obviamente, é apenas um menino muito sofrido. E é exatamente as origens e o passado do mocinho, que conduzem a trama neste primeiro volume, que em pouco mais de 200 páginas entrega drama, comédia, crítica, e um romance que começa por sobrevivência e vira um caos emocional.

E no que se refere a edição nacional propriamente dita, está impecável. O destaque fica para a tradução e localização cuidadosas, que aliadas à qualidade geral do material, tornou esta uma das melhores experiências literárias que tive este ano. Que finalmente chegue o momento dos humilhados serem exaltados e mais pessoas conheçam e se apaixonem por esta história tão original, caótica, comovente e divertida!

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