MB Review: Garota à Beira-Mar
Getting your Trinity Audio player ready... |
A adolescência sob o olhar brutal de Asano
Em Garota à Beira-Mar, Inio Asano deturpa a ternura da adolescência para revelar algo muito mais bruto e confuso. Koume e Isobe vivem numa cidadezinha litorânea onde nada parece acontecer – até que tudo desaba dentro deles. A relação entre os dois começa com sexo casual, mas logo vira um espelho das feridas que cada um carrega.


Além do romance adolescente
A obra não é um romance, nem um drama adolescente convencional. É um retrato cru de dois jovens tentando fugir do vazio com o corpo do outro. As cenas são explícitas, o desconforto é real, e a maturidade necessária pra ler o mangá não vem só da classificação indicativa, mas da disposição de encarar a confusão da juventude sem filtros.


O desconforto como linguagem
Existe algo de incômodo aqui, como um corte mal cicatrizado que você esquece por um tempo… até doer de novo. Não é uma história sobre juventude, mas sobre a ausência dela – sobre dois adolescentes que pulam etapas tentando preencher o que falta com o que têm: corpo, angústia e silêncio.


Uma juventude interrompida
A história entre Koume e Isobe é dispersa, quebradiça, como se a narrativa estivesse cansada de se sustentar. E talvez esteja mesmo. Porque o Asano não quer ensinar, nem concluir – ele só quer mostrar. São várias narrativas fraturadas que se conectam com sexo despretensioso e desesperança. É um mangá que não pede empatia.


O mangá incomoda, especialmente quem espera uma moral ou redenção. Não tem. Tem vazio e corpos. E também tem a sensação de que algumas histórias marcam mais pelo que não dizem.
Vale a pena?
A obra não é fácil de recomendar, mas é impossível de esquecer depois que você lê, seja para o lado bom ou ruim. E talvez esse seja o maior elogio que se pode fazer a uma obra que escolhe incomodar ao invés de agradar.