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MB Review: Bokurano #2, #3 e #4

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Tempo de Leitura 3 minutos

Introdução.

Clique Aqui para ver a Resenha do volume 1

Se você ainda não começou a ler ou está nos primeiros capítulos, recomendo seguir com cautela. A partir daqui, mergulhamos fundo nas dores e escolhas dos personagens — e nas consequências cruéis que esse contrato impõe. Alerta: este texto contém spoilers!

A verdade cruel por trás do contrato.

Depois de um primeiro volume impactante, os volumes 2, 3 e 4 de Bokurano — publicado no Brasil pela Devir — seguem aprofundando o drama psicológico e as camadas morais que envolvem os jovens pilotos do Zearth. A ameaça à Terra se torna cada vez mais concreta: o planeta está sendo invadido por robôs gigantes e, ironicamente, sua única chance de sobrevivência depende justamente de adolescentes que aceitaram um contrato sem saber o preço real que pagariam.

Volume 2: a revelação do sacrifício.

No volume 2, fica evidente a cruel verdade: cada vez que o Zearth é pilotado, seu operador morre. A energia que move o robô vem da força vital do adolescente escolhido. O mangá segue um padrão duro — a cada batalha vencida, uma vida é perdida. O segundo volume foca mais superficialmente em alguns personagens, enquanto outros começam a ter suas histórias mais bem desenvolvidas. Ainda assim, o leitor sente o peso do destino desses jovens, que enfrentam batalhas sem sequer terem a chance de amadurecer.

Volume 3: poder, dor e a entrada dos militares.

O terceiro volume insere um novo elemento à trama: a entrada de representantes das Forças Armadas. Eles se tornam peças importantes tanto na investigação do que está por trás do Zearth quanto no apoio às crianças, assumindo o papel de gestores e protetores (ao menos na teoria). Nesse volume, ganha destaque a história de Chizuru Honda — uma das adolescentes que será piloto — e sua complexa relação com o professor Hatagai. Em um movimento brutal, o robô passa a ser também um instrumento de vingança, revelando como o poder, mesmo dado a uma vítima, pode gerar ainda mais tragédias.

Volume 4: trauma, vingança e dilemas morais.

O volume 4 aprofunda esse arco, jogando luz sobre a gravidade do que ocorreu: Chizuru foi violentada pelo professor e agora carrega um filho dele. Para piorar, ele está em um relacionamento com a irmã dela, o que a coloca num dilema emocional profundo entre a família e a justiça (ou vingança). É aqui que Bokurano se consolida como uma narrativa muito distante de uma história juvenil simples. O mangá revela, sem pudores, a complexidade das dores humanas, a impotência diante de sistemas opressores e a violência mascarada que habita certos lares e instituições.

A narrativa de Mohiro Kitoh e a densidade emocional.

Apesar da densidade temática, o desenvolvimento da história é envolvente e fluido. Kitoh conduz a narrativa com habilidade, instigando o leitor a continuar, mesmo quando o conteúdo é angustiante. É justamente esse desconforto que nos prende: queremos entender o que acontecerá com os próximos pilotos, quem enfrentará o sacrifício… e, acima de tudo, se o mundo realmente merece ser salvo ao custo de tantas vidas jovens.

O mundo merece ser salvo?

Bokurano é uma leitura pesada, sem dúvida. Mas é também instigante, porque nos obriga a refletir — sobre o valor da vida, sobre responsabilidade e, talvez principalmente, sobre o que estamos dispostos a sacrificar para proteger o que amamos.

Dados Técnicos – Bokurano (Brasil)

  • Título: Bokurano – Nosso Jogo
  • Autor: Mohiro Kitoh
  • Editora: Devir
  • Volumes lançados no Brasil: Até o momento, volumes 1 a 4 (continua em publicação)
  • Formato: 13,5 x 20,5 cm
  • Acabamento: Brochura com sobrecapa
  • Páginas: Aproximadamente 220 por volume
  • Classificação indicativa: 18+
  • Gêneros: Drama, psicológico, ficção científica
  • Preço médio: R$ 39,90 por volume (pode variar)
  • Onde Comprar: Volume 2 , Volume 3 e Volume 4.