MB Review: Absolution

Nina Ryan era uma jovem problemática que acabou entrando para o Cartel Boisseau, que se aproveitou dos talentos da garota como mercenária para cometer crimes em benefício do grupo. Entretanto, vítima de uma emboscada, Nina acabou sendo presa e agora precisa lutar por sua liberdade ao participar de um reality show chamado Absolution, onde o público decide se ela está apta a alcançar a absolvição de seus crimes ou se deverá encarar a morte de vez.

Logo de início, a narrativa joga o leitor em meio a uma ação frenética, ambientada em um mundo com uma forte pegada cyberpunk, revelando o passado de Nina aos poucos, por meio de flashbacks intercalados com o tempo presente, em que a ex-mercenária precisa enfrentar diversos obstáculos para entreter o público. Toda escolha conta, literalmente.

Peter Milligan entrega ao leitor um futuro não tão distante, repleto de críticas sociais, especialmente às redes sociais, ao anonimato na internet e ao modo como essas dinâmicas podem atingir níveis extremos. Acompanhamos uma ex-criminosa cometendo atos a sangue-frio, o que coloca o leitor diante de um intenso dilema moral. Ainda assim, Milligan costura a trama abordando temas como a impunidade dos magnatas, que compram sua liberdade a qualquer custo, e as situações de machismo reproduzidas pela própria sociedade.

Além disso, é interessante como a obra faz o leitor sentir na pele toda a pressão pública que Nina enfrenta em sua busca por salvação, chegando ao esgotamento mental em virtude do comportamento do público, que dita suas ações através das telas digitais, transformando sua dor e sua luta em um verdadeiro espetáculo midiático.

Na arte, o renomado Mike Deodato entrega cenas intensas e uma diagramação diferenciada, característica de suas obras mais recentes, oferecendo uma experiência cinematográfica e fluida. Não seria surpresa se, em algum momento, a obra ganhasse uma adaptação para outras mídias.

Absolution é mais um excelente lançamento da Editora Poptopia, que desta vez entrega uma narrativa empolgante e cheia de camadas, capaz de instigar reflexões profundas e causar no leitor a mesma sensação provocada por um episódio de Black Mirror. Uma leitura altamente recomendada.

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