Crise silenciosa: oito estúdios de anime fecharam em 2025, aponta Teikoku Databank

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O relatório da Teikoku Databank , uma das empresas mais conceituadas no Japão para se tratar de pesquisas e tendencias economicas, revelou que oito estúdios de anime encerraram suas atividades entre janeiro e setembro de 2025, marcando o terceiro ano consecutivo de queda no setor. A crise ocorre apesar do crescimento global da indústria, evidenciando um paradoxo entre demanda e sustentabilidade.


O relatório divulgado em novembro de 2025 pela Teikoku Databank, uma das principais agências de análise corporativa do Japão, revelou que oito estúdios de produção de anime encerraram suas atividades entre janeiro e setembro. Esse número representa o terceiro ano consecutivo de retração no setor, acendendo um alerta sobre a sustentabilidade da indústria de animação japonesa.

Esse número só não é maior que em 2018, onde 16 estudios fecharam as portas no mesmo período de janeiro a setembro, mas assusta pelo setor vir em queda constante pós pândemia .

Logo da Teikoku Databank

📉 Causas da crise

A Teikoku Databank identificou múltiplos fatores que contribuem para o colapso de pequenos e médios estúdios:

  • Baixa rentabilidade estrutural: Apesar da popularidade global do anime, muitos estúdios operam com margens mínimas, sem retorno proporcional ao sucesso das obras.
  • Pressão por entregas aceleradas: A demanda por novos títulos e temporadas, especialmente por plataformas de streaming, tem encurtado prazos e aumentado o desgaste das equipes.
  • Falta de mão de obra qualificada: O número de animadores experientes está em queda, e os salários baixos afastam novos talentos.
  • Modelo de subcontratação predatório: Pequenos estúdios são frequentemente contratados por grandes produtoras para executar partes da animação, sem controle criativo ou participação nos lucros.

Além disso, o relatório aponta que a concentração de capital em grandes conglomerados e a dependência de franquias estabelecidas dificultam a inovação e a sobrevivência de projetos autorais.

🛠️ Recomendações e caminhos possíveis

Embora o relatório não apresente um plano de ação formal, a Teikoku Databank sugere que reformas estruturais são urgentes. Entre as propostas estão:

  • Revisão dos contratos de produção, com divisão mais justa de receitas entre estúdios, distribuidores e plataformas.
  • Investimento em formação técnica, com programas de capacitação para animadores, roteiristas e diretores.
  • Melhoria das condições de trabalho, incluindo salários dignos, jornadas equilibradas e suporte psicológico.
  • Incentivos governamentais, como subsídios e políticas públicas voltadas para a preservação da cultura visual japonesa.

Especialistas do setor também defendem a diversificação de modelos de financiamento, como crowdfunding, licenciamento internacional e parcerias com estúdios estrangeiros. A criação de sindicatos mais atuantes e a valorização de obras independentes são vistas como caminhos para fortalecer a base da indústria.

🌐 Impacto global

Apesar da crise interna, o anime continua sendo uma das maiores exportações culturais do Japão. Plataformas como Netflix, Crunchyroll e Disney+ ampliaram seus investimentos em produções japonesas, mas muitas vezes priorizam grandes estúdios, deixando os menores à margem.

A situação atual levanta questões sobre sustentabilidade criativa, valorização da mão de obra e preservação da diversidade artística que tornou o anime um fenômeno mundial. entregas rápidas e a dependência de terceirização internacional, principalmente de mão de obra chinesa, coreana e do sul da Ásia, também agravam o cenário. Pequenas produtoras e subcontratadas são as mais afetadas, com muitos animadores freelancers abandonando o setor por falta de estabilidade e remuneração justa.

🏗️ Impacto estrutural e futuro incerto

O fechamento de estúdios não afeta apenas os títulos em produção, mas também compromete a formação de novos talentos, a diversidade criativa e a capacidade de inovação da indústria. Especialistas alertam que, sem reformas estruturais — como revisão de contratos, valorização da mão de obra e redistribuição de lucros — o setor pode enfrentar uma crise de longo prazo, mesmo com o sucesso comercial de grandes franquias.


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